Comercio & Marketing Digital Móvel para as Classes C, D e E

Em sua última visita ao Brasil o Presidente dos Estados Unidos Barack Obama arriscou afirmar que o Brasil não é mais o país do futuro, pois o futuro já chegou ao Brasil. A palavra “futuro” pode ser interpretada como desenvolvimento sócio-econômico com sustentabilidade. Seria mais uma afirmação política de um chefe de Estado ou uma declaração com embasamento racional?

O melhor indicador de enriquecimento de um país é o crescimento da sua classe média. Dados divulgados pela FGV apontam que a Classe C brasileira passou a representar mais da metade da população brasileira e já ultrapassou as classes A e B em poder de compra. Se Obama teve acesso a este dado, seu discurso procede. Indo mais a fundo, as classes C, D e E juntas correspondem a 89,5 por cento da população: 50,5% classe C e 39% D e E. O estudo considerou a renda da classe média (C) entre R$ 1.126,00 e R$ 4.854,00, da classe D entre R$705,00 e 1.126,00 e da classe E entre R$ 0,00 e R$ 705,00. (Dados da FGV lançados em 2010 com base em dados de 2009).

É o crescimento e o fortalecimento da classe média que indicam um futuro promissor para o Brasil. Se este cenário se mantiver, tudo indica que teremos um mercado novo e com público crescente para explorar.

As boas notícias surpreendem tanto quanto as más, que remetem a um país do passado. Um exemplo é a estatística do IPEA que aponta que 40% da população brasileira não tem acesso à conta bancária. Imagino que pequenos mercados e comerciantes que atendem a esse público utilizam métodos pouco confiáveis, como vender fiado, e recebem em dinheiro dos clientes, que por sua vez recebem seus vencimentos também em dinheiro!

O paradoxo é que este cliente que recebe e compra usando dinheiro atende telefone celular. São mais de 207 milhões de acessos no Brasil em fev/2011 (dados da Teleco). De acordo com pesquisa recente da ABI research, os smartphones representaram 25% das compras de celulares no país em 2010. O número deve aumentar bastante em 2011 e nos próximos anos com a popularização dos dispositivos e aumento do poder de compra da população. O povo brasileiro já mostrou ser consumidor assíduo de tecnologia.

Outro comportamento observado nas classes emergentes é a disposição de participar de programas de propaganda móvel com explícita aceitação do usuário (opt-in).

Como usar a tecnologia a favor de um público que não tem conta em banco, mas ao mesmo tempo tem celular, e aproveitar ao máximo o potencial deste mercado? Soluções de pagamento móvel, como o mobile wallet, podem ser parte da resposta. É um exemplo de serviço que mostrou bons resultados em países emergentes e até pobres, utilizando o dispositivo móvel como recurso para realização de micro pagamentos. A unidade de moeda é convertida em créditos que podem ser transferidos entre pessoas e empresas através do celular.

As classes de C, D e E estão em ascensão econômica no Brasil, cada vez mais conectadas através do celular e tem disposição de estar presente nas iniciativas de Mobile Marketing, ao mesmo tempo em que boa parte deste público não tem acesso à conta bancaria. Neste cenário, iniciativas unindo soluções de Mobile Wallet e Mobile Marketing tem grande chance de sucesso no Brasil. Tecnologia para isto não falta – a própria Alcatel-Lucent tem a sua contribuição a oferecer na área. É necessário estimular a discussão entre Governo, operadoras de telefonia celular e anunciantes para revolucionar a forma como as pessoas recebem anúncios e realizam suas compras com apoio da tecnologia e sem discriminação de classe social.

William Pinheiro Marques
Gerente de Vendas de Software e Aplicações da Alcatel-Lucent

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